quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Ao Vivo: Mazgani / Dead Combo @ Sintra Misty

© Mauro Mota
.
O característico som de um amolador anuncia a chegada dos Dead Combo. E logo que a Mulata entra em palco começa a acelerar nas cordas das guitarras, percorrendo as ruas de Lisboa de forma gingona – só é pena as cadeiras do Olga Cadaval não serem muito propícias à dança… “Cachupa Man” também tem um travo mestiço, e volta a demonstrar como Pedro Gonçalves e Tó Trips articulam na perfeição som e imagem. O jeito imperturbável do gangster e o carácter mais soturno do cangalheiro, subvertendo géneros musicais e criando narrativas sem legendas, numa tridimensionalidade cinemática que dispensa a utilização de óculos especiais. Após “Anadamastor”, com direito a dedicatória especial, resgatam “Rumbero” ao primeiro álbum, num concerto dominado por composições do recente Lisboa Mulata – a “Aurora em Lisboa” chega-nos desde um hotel com néon invertido; “Esse Olhar Que Era Só Teu” faz-nos fechar os olhos para melhor apreciar esta belíssima aproximação ao fado; e “Blues da Tanga” solta um lamento furioso –, mas que permite incursões ao passado (de “Putos a Roubar Maçãs” ou “Sopa de Cavalo Cansado”, que mostra dois puros-sangue bem enérgicos nos ritmos produzidos) e a versão para “Temptation”, de Tom Waits, que puxa pelo fôlego de Pedro Gonçalves.
.
Link para o artigo integral, publicado originalmente no Bodyspace.

Sem comentários:

Enviar um comentário