quarta-feira, 25 de abril de 2012

10 discos para fazer a revolução - artigo colectivo

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Minor Threat
Out Of Step (1983)
Dischord

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Só se nos mudarmos a nós próprios podemos operar alguma mudança no mundo. Já Lao Tsé (Confúcio para os ocidentais) ensinava que o guerreiro mais forte é o que se conquista a si mesmo. E Out Of Step demonstra que cada um tem a capacidade de ser o seu próprio mestre, dominando vícios ou perniciosas influências. O primeiro passo para que tal aconteça é começarmos a pensar pela nossa cabeça, mesmo que isso nos transforme em ovelhas tresmalhadas, Out Of Step com o mundo, como o título deste disco e a música sugerem. Ao niilismo punk, o hardcore straight edge criado por Ian MacKaye e cia. contrapõe uma mensagem positiva mas igualmente crua e acutilante. No seu único LP (tal como na restante discografia esparsa) destilaram doses iguais de fúria e auto-consciência, através de malhas rápidas e pungentes, por vezes entrecortadas por pausas de tirar o fôlego, em que abordam relações pessoais - como em “Betray” ou “Look Back And Laugh” -, avisam cerra os dentes, não te lamentes (“Sob Story”) ou acabam a puxar da mais fina ironia, na portentosa “Cashing In”. Mais do que exporem uma cartilha de regras, lembram que a revolução se faz de dentro para fora. 
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Marvin Gaye
What's Going On (1971)
Motown
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Não, ninguém se esqueceu de pôr ali um ponto de interrogação. What's Going On é uma crónica íntima dum tempo e dum lugar: os EUA no início dos anos 70, com uma guerra no horizonte e o movimento dos direitos civis, entre outras convulsões sociais, entre-portas. Marvin Gaye não ficou indiferente às cartas que o irmão Frankie lhe enviava do Vietname nem à situação interna do seu país, factores que o fizeram reavaliar o que pretendia transmitir com a sua arte. E neste disco dirige-se como um despertador de consciências à sua geração, interpelando-a a agir para a mudança na faixa-título que abre o disco ("you see war is not the answer / for only love can conquer hate / you know we've got to find a way / to bring some lovin' here today") e abordando uma série de assuntos tão prementes quanto incómodos. Dos problemas ambientais de "Mercy Mercy Me (The Ecology)" à toxicodependência (em "Flyin' High") ou ao desemprego, uma das maiores vozes da soul pinta um quadro negro sobre a terra dos sonhos. E fá-lo com apurada sensibilidade pop, em malhas de groove influenciado pelo jazz e pelo funk, tecidas por orquestrações clássicas. O resultado final: uma obra-prima incontornável. Nem sempre o casamento é feliz quando a arte se debruça sobre as transformações sociais e políticas, mas esta musica é universal e intemporal, fazendo hoje tanto sentido (e soando tão bem) quanto há 40 anos atrás.
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Link para o artigo colectivo integral, publicado originalmenteno Bodyspace.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O Ritz Clube está de volta

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O Ritz Clube, sito no nº 57 da Rua da Glória, esteve fechado durante doze anos. Boa parte dos leitores não terá, por isso, conhecido ainda este espaço por onde passaram incontáveis noctívagos e artistas desde o início do século passado. Mas a partir do próximo mês de Maio o clube lisboeta reabre as suas portas, de obras feitas e cara lavada, para ser palco de uma programação cultural transversal que pretende manter o seu legado histórico e, simultaneamente, abrir portas a novas experiências artísticas. O Ritz Clube sempre foi um local de boémia, e de acordo com Cláudia Duarte (porta-voz da gerência que pretende ressuscitar este espaço mítico) «será uma sala de concertos, performances, clubbing com artistas nacionais e internacionais»». A programação integral de Maio ainda não foi divulgada, mas já se sabe que Diabo na Cruz vão lá apresentar o seu Roque Popular no dia 23.
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Publicado originalmente no Bodyspace, mais concretamente aqui.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Record Store Day - Artigo Colectivo

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Apesar de estar ali um store enfiado no meio, aquilo em que pensamos quando o dia se aproxima é nos discos em si: novos lançamentos, edições especiais, reedições históricas, concertos de homenagem aqui e ali. Sobre a parte mais importante – as lojas – pouco se diz para além das promoções. Este ano quisemos contrariar essa tendência; daí que tenhamos ido falar não só com as lojas de discos mas também com as próprias editoras, que são, obviamente, parte interessada nesta matéria. O que se segue são conversas que tivemos com os responsáveis do lado menos visível na música. Lojas de discos espalhadas por esse Portugal fora onde encontramos a maior parte das nossas pérolas em formato físico, e editoras recentes cuja vontade de mostrar ao mundo sons de qualidade é superior a qualquer crise que se interponha. Que possam estar cá todos a celebrar este mesmo dia no próximo ano.
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Nascida em 2010, só foi lançada oficialmente no ano passado. Tempo mais do que suficiente para esta editora portuguesa começar a ganhar o seu espaço, pelo catálogo (que inclui as estreias a solo de Diego Armés e David Pires ou lançamentos de bandas como Capitão Fausto e TV Rural), pela filosofia de gestão muito própria e pelo cuidado que imprime nas edições e nos objectos de merchandise que comercializa. Fomos conversar com Vanda Noronha, que é – entre outras coisas – a responsável por toda a parte visual da Chifre e a identidade secreta da Amiga Chifre, que podem encontrar pelo Facebook. 
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A Vinil Experience (propriedade do Jota Cunha, um dos melómanos mais genuínos e entusiastas que conheço) localiza-se em Lisboa, no nº 61 da Rua do Loreto, entre o Largo Camões e a Bica. Esta loja é quase uma extensão das paixões do seu dono, apresentando uma generosa oferta de garage rock e psicadelismo, entre diversos outros géneros musicais, representados por vinil – novo e em segunda mão –, cd e memorabilia variada. É daqueles sítios mágicos onde é possível encontrarmos raridades e pérolas discográficas, se tivermos disponibilidade para vasculhar as duas salas onde se ouve e respira música.
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Link para a totalidade do artigo colectivo, publicado originalmente no Bodyspace.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Se os mares são só sete, há mais palco para pisar

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A Sétima Legião foi formada em 1982 e regressa na volta da maré. Para comemorar a passagem de três décadas sobre a fundação daquela que se viria a afirmar como uma das mais marcantes bandas de pop-rock nacional, a formação original prepara-se para voltar aos palcos. Pedro Oliveira, Rodrigo Leão, Nuno Cruz, Gabriel Gomes, Paulo Marinho, Ricardo Camacho, Paulo Abelho e Francisco Menezes prometem revisitar todos os clássicos – como o incontornável “Sete Mares”, que podem confirmar aí em baixo –, dando especial atenção aos três primeiros registos da sua discografia. O início da digressão é já no dia 29 de Abril, no Porto, Casa da Música, seguindo-se o Coliseu dos Recreios, em Lisboa, no dia 4 de Maio, e o Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, a 18 do mesmo mês, continuando até ao final do ano por vários pontos do país. Para lá das actuações ao vivo, no próximo dia 23 de Abril será reeditada a obra completa do grupo e ainda o CD+DVD Memória: se o CD inclui os temas emblemáticos da Sétima Legião num alinhamento que percorre todos os seus discos de originais, o DVD inclui a gravação do concerto da Sétima Legião no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, no dia 29 de Dezembro de 1990, e ainda alguns extras.
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Publicado originalmente no Bodyspace, mais concretamente aqui.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Diabo na Cruz - Roque Popular

Cantigas de amigo com nervo rock

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SINOS TOCAM A REBATE

«Vinde todos a terreiro! Vinde já ouvir o novel tomo dos mais celebrados jograis do roque lusitano. Bernardo Barata, B Fachada, João Gil, João Pinheiro e Jorge Cruz voltaram a congregar esforços e inspiração. Entraram no estúdio com os seus instrumentos musicais e de lá saíram com uma dezena de novas cantigas. Criações que, na companhia das cantigas de Virou!, cruzarão Portugal (de Trás-os-Montes aos Algarves, do interior profundo ao litoral que viu partir os nossos navegadores) e, quiçá, as sete partidas deste mundo. E prometem fazer rodopiar as saias das donzelas mais formosas e abanar as cabeças de nobres e plebeus. Entrai na dança, siga a rusga, minha gente!!»

Esta tentativa (falhada) de intro em linguagem mais ou menos antiga serve apenas para vincar que raras vezes o rock cantado na língua de Camões terá estado tão próximo das raízes musicais portuguesas e do nosso imaginário colectivo. O génio de António Variações, bem o sabemos, uniu o Minho a Nova Iorque em composições inesquecíveis, mas fê-lo com uma sensibilidade muito mais pop. É fascinante como a energia do rock e a urgência do punk casam na perfeição com os ritmos tradicionais, as expressões populares – como “não morremos hoje nem casamos amanhã” –, os sons de foguetes e o chamamento do amolador. Tudo isto se encontra bem presente em Roque Popular, começando na garra destilada em "Bomba-Canção" ou "Baile na Eira" (as duas primeiras do disco e excelentes cartões-de-visita: tic-tac incendiário como um cocktail molotov e pogo dance para malhar no terreiro sem dó nem piedade) e desaguando na ilustração que Nuno Saraiva fez para a capa do disco. Bem ao centro da acção, uma figura remete-nos para a vertigem de London Calling (Paul Simonon a partir o seu baixo em pleno concerto) e para uma das mais icónicas imagens do punk, fazendo a síntese e a ponte entre os dois universos, num caso sério de alquimia inesperada: estamos na presença de música urbana feita com o pés bem assentes na nossa terra e com potência suficiente para abrir fendas profundas no solo mais resistente.

Mas este Roque Popular não é feito apenas de paisagens trepidantes; os seus horizontes são abertos, vastos como as planícies alentejanas. Nele cabem momentos mais calmos, como a melancólica "Luzia" ou "Fronteira" (referência explícita à emigração, que tem sido a senha e solução de vida para muitos portugueses nos últimos tempos – o que acaba, aliás, por retomar um certo fado lusitano a que se costuma chamar diáspora) ou radio friendly, como o single "Sete Preces", que já anda a rodar por aí. Se o som do amolador costuma anunciar chuva, no final da funky "Estrela da Serra" antecede o surgimento dos "Pioneiros", esquadrão de elite que persiste em desbravar sem receio terrenos desconhecidos, «sempre prontos a agarrar o mundo inteiro». "Chegaram os Santos" arrisca um ska bem dançável e que se poderá tornar um caso sério de diversão, tendo todos os elementos necessários para ser um hino festivo-casamenteiro já no inicio do próximo Verão - à atenção das comissões organizadoras dos arraiais populares… e não cobro um cêntimo pela dica. E "Siga a Rusga", num portento de ritmo, antes de se escrever o “Memorial dos Impotentes”, espécie de epitáfio agridoce inscrito sobre este Roque Popular.

O grande equilíbrio (entre momentos para acelerar por aí fora e repousar o corpo e a cabeça, músicas para pintar a manta e refrões cantaroláveis) é um dos pontos fortes deste disco. O palavrão que me ocorre para o classificar é Música Moderna Popular Portuguesa, com a energia do (punk) rock a lavrar bem fundo nas nossas raízes. Melhor ou pior do que o seu antecessor, Virou!? Essa poderá ser uma questão debatida ad nauseam, uma vez que se tratam de duas obras excepcionais, mas uma coisa parece certa e segura: Roque Popular pega no ponto em que os cinco rapazes tinham chegado no disco de estreia e dá passos em frente. E mesmo com este risco acrescido, pisa caminhos que o deverão levar a ouvidos muito variados, tornando Diabo na Cruz um nome familiar a bastante mais gente.
Publicado originalmente no Bodyspace, mais concretamente aqui.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Diabo na Cruz à espreita

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A super-banda de Barata, Pinheiro, Fachada, Gil e Cruz vai lançar o seu segundo disco no próximo dia 23. Já ouvimos e podemos garantir que a imagem da capa, que podem ver aí em baixo, faz jus ao conteúdo do sucessor de Virou!: é Música Moderna Popular Portuguesa, lavrando as nossas raízes com energia punk rocker. E o Hard Club, no Porto, será o palco do primeiro concerto de apresentação de Roque Popular, a 27 de Abril, com bilhetes a € 12,00. Enquanto o álbum não chega às lojas, pode abrir-se o apetite com o single “Sete Preces”.
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Publicado originalmente no Bodyspace, mais concretamente aqui.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ai, Lello!! Garganta linda!!!

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O Lello Perdido é, claro, Manuel João Vieira, camaleónico ser que habita diversas personagens desde que o Século XX viu nascer projectos como os fantásticos Ena Pá 2000 ou os fabulosos Irmãos Catita. Para completar a trilogia dos éfes, surgem os fados do Lello Perdido, que anda em sessões de vadiagem na companhia de Vital Assunção (viola) e do guitarrista Gentil Leitão. Ora, nos próximos dias 11 e 12 de Abril (quarta e quinta-feira desta semana, portanto) é a vez do insigne Museu do Fado receber o Lello Perdido, em duas noites que prometem «um repertório singular recheado de fado humorístico». Os trinados começam a ouvir-se pelas 21:30 e os ingressos custam apenas 5,00€.
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Publicado originalmente no Bodyspace, mais concretamente aqui.

Mais três para Sines

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Foram anunciados mais três nomes para o Festival Músicas do Mundo, que decorre em Sines nos fins-de-semana de 19 a 21 e de 26 a 28 de Julho: são eles Marc Ribot Y Los Cubanos Postizos, Astilleros e Dhafer Youssef Quartet. Se o gigante Marc Ribot (além de tudo o mais, basta uma palavra para venerar este guitarrista: Lounge Lizards) regressa a Portugal com um projecto que parte de Cuba para assimilar influências doutras Américas, os outros dois grupos deverão proporcionar também bons momentos no litoral alentejano. Os argentinos Astillero são uma das orquestras mais inovadoras do tango argentino actual, encabeçando o movimento “tango de ruptura”, enquanto os tunisinos Dhafer Youssef Quartet cruzam a tradição musical árabe com a cultura jazz europeia. Música meditativa e experimental que deve cair como uma luva no Castelo.
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Por agora, o cartaz do FMM é este:

19 de Julho: Narasirato (Ilhas Salomão)
20 de Julho: Bombino (Níger)
21 de Julho: Oumou Sangaré & Béla Fleck (Mali / EUA); Marc Ribot Y Los Cubanos (EUA)
26 de Julho: Gurrumul (Austrália); Fatoumata Diawara (Mali); Astillero (Argentina)
27 de Julho: Mari Boine (Noruega); Juju (Gâmbia / Reino Unido); Dhafer Youssef Quartet (Tunísia)
28 de Julho: Hugh Masekela (África do Sul); Jupiter & Okwess International (R.D.Congo)
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Publicado originalmente no Bodyspace, mais concretamente aqui.

domingo, 8 de abril de 2012

BODYQUIZ #45 | João Gil / Diabo na Cruz / Feromona / You Can´t Win, Charlie Brown

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Que disco tem rodado mais nos teus ouvidos ultimamente?
Na verdade são dois discos com alguns anos e que voltei a descobrir, e desta vez ainda me estão a soar melhor! São ambos de Jamiroquai e são os dois primeiros discos - Emergency on Planet Earth e The Return of the Space Cowboy. Que discos... São perfeitos!

Vinil, CD, MP3 ou cozinha tradicional portuguesa?
O Vinil passou-me um bocado ao lado, os CDs foram milhares até aparecer o MP3, mas cozinha tradicional portuguesa, essa é para sempre!

Qual foi o último concerto que te deixou sem fôlego?
Deerhoof, sem dúvida alguma, melhor concerto de sempre. Mas, se puder dizer mais um, St. Vincent, que mulher e que banda!

Se fosse lei ouvir uma canção em loop para todo o sempre, qual gostarias que fosse?
Sonny & Cher: "I got you babe"

O que te anda a tirar do sério ultimamente?
Não conseguir ter aquele som de distorção que tenho nos meus sonhos.

Qual é o teu novo projecto em mãos e o que é precisamos de saber acerca dele?
O meu novo projecto em mãos é o meu próprio grupo, e o que precisam de saber acerca dele é que neste momento não sei que nome lhe vou dar...

Qual é a melhor coisa que te podia acontecer neste momento?
Que as minhas músicas fizessem tanto sentido na cabeça dos outros como fazem na minha neste momento. Isso seria um belo presente!

Que pergunta é que este Quiz não tem e devia ter?
Se tivesses super poderes, qual era o teu? Só podes escolher um, e não vale dizer "ahh e tal, eu cá tinha o super poder de ter todos os super poderes...".
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Publicado originalmente no Bodyspace, mais concretamente aqui.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

PLC: Le Champion Du Monde






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Publicado originalmente na Vert Magazine # 108, em Março de 2012.

Balas Para O Canhão






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Publicado originalmente na Vert Magazine # 108, em Março de 2012.

Entrevista: Wraygunn

Arte (bruta) em constante mutação
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Nos últimos anos Paulo Furtado andou a seduzir os nossos ouvidos com o celebrado Femina, da encarnação Legendary Tigerman. Esta é a altura para os Wraygunn (que já nos brindaram com obras do calibre de Ecclesiastes 1.11 ou Shangri-La) voltarem à carga com L´Art Brut, um álbum de energia mais controlada mas cheio de inspiração e boas canções. Começámos por falar com o carismático frontman sobre este regresso aguardado, abordando a forma como os trabalhos de grupo com Wraygunn e as lides a solo em Legenday Tigerman se tocam e influenciam de forma constante e dinâmica. Continuando a a percorrer os caminhos de L´Art Brut, aproveitamos para ouvir o que Paulo Furtado tem a dizer sobre as diferenças deste disco relativamente aos anteriores, o gozo que lhe dá fazer música e criar algo que (apesar de todas as influências) possa chamar de seu. Em jeito de despedida, um par de pequenas provocações, respondidas de forma tão lacónica quanto diplomática. Não é defeito, é feitio.
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Link para a entrevista integral, publicada originalmente no Bodyspace.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Salta a tampa, tira a roupa e arde

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O mestre David Lynch editou o seu primeiro disco no ano passado: Crazy Clown Time é o título da estreia que faz jus ao seu universo cinematográfico; e é também o nome da música que podem ouvir aqui em baixo. O vídeo mete cerveja, topless, uniformes de futebol americano e moicanos em chamas. As comissões das queimas das fitas têm muito a aprender com David Lynch, no caso de quererem melhorar as suas festas. E os 7:06 minutos deste videoclip têm mais cinema dentro do que muitas e muitas longas-metragens.
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Publicado originalmente no Bodyspace, mais concretamente aqui.

Discos Perdidos para descobrir no Music Box

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Discos Perdidos, realizado por Frederico Parreira, é um documentário protagonizado pelo jornalista Rui Miguel Abreu e por DJ Ride, metade dos Beatbombers, dupla campeã mundial de scratch/turntablism . Espécie de relato íntimo de uma viagem de procura de vinil – de Lisboa até Elvas, daí até Sevilha e Madrid e de volta até às Caldas da Rainha –, fala de discos perdidos, e de discos encontrados, como não podia deixar de ser, uma vez que conta com a presença destes diggers inveterados e ainda com ilustres cameos de Stereossauro e Motown Junkie. RMA define-o assim: «É um road movie. Tem mistério, suspense, muito pouca acção e algum romance.»

Discos Perdidos combina fotografia com vídeo lo-fi (procurando ser o olhar sobre o ombro do digger, para captar a concentração profunda de quem deixa os dedos percorrer toneladas de vinil) e tem estreia marcada para o Music Box, por volta das 23 horas da próxima 6ª-feira, 6 de Abril - data da 7ª sessão Rock It, que traz Taylor McFerrin ao Cais do Sodré. Tal como o amor pela música, a busca retratada neste filme nunca termina, só se intensifica. E estes são os melhores romances de todos.

O teaser pode ser visto aqui.
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Publicado originalmente no Bodyspace, mais concretamente aqui.

Patti Smith já tem single para o disco que chega em Junho

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Patti Smith, uma das mulheres com mais rock nas veias, está de volta aos discos. E só isso deixa-nos contentes. Após ter escrito o aclamado livro Just Kids – com o qual conquistou o National Book Award para não ficção, em 2010 –, prepara-se para lançar Banga, que chegará às lojas portuguesas a 4 de Junho e cujo alinhamento é o seguinte: 1 - Amerigo (que imagina a viagem de Amerigo Vespucci para o Novo Mundo); 2 - Fuji-San (dedicada ao povo japonês); 3 - April Fool; 4 - This Is The Girl (em memória de Amy Winehouse); 5 – Banga; 6 – Maria; 7 - Tarkovsky (The Second Stop is Jupiter); 8 – Mosaic; 9 – Nine (canção de aniversário composta para Johnny Depp); 10 – Seneca; 11 - Constantine´s Dream (meditação sobre a arte e a natureza); 12 - After the Gold Rush. E a terceira faixa (“April Fool”, isso mesmo) já pode ser ouvida, via site da poetisa do punk.
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Publicado originalmente no Bodyspace, mais concretamente aqui.