segunda-feira, 16 de julho de 2012

Optimus Alive 2012 - 1º Dia

 Refused © Mauro Mota
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O tempo começou soalheiro, típico de festival de Verão, com o sol a aquecer os corpos, mas por volta das 19:30 o céu começou a ganhar tons cinzentos, com as nuvens a anunciarem algo. Podia ser chuva, que chegou a tornar-se irritante durante boa parte da noite; podia ser também a actuação duma (renascida) banda sueca de hardcore que pratica um som pouco galhofeiro. Seria uma espécie de intermezzo num dia sem concertos especialmente vibrantes (salvo honrosas excepções) e em que as bandas vencedoras fazem a festa pela festa. Os Refused basearam o seu set no seminal (fica sempre bem dizer isto dum álbum que criou um mito) The Shape of Punk to Come, editado em 1998, ano de desmembramento da banda. Significa isto que a maioria dos presentes em Algés estava pela primeira vez a dar encontrões ao som de malhas tão subversivas como Liberation Frequency, New Noise ou Summer Holydays Vs. Punkroutine. A propósito desta última, em que se grita «Rather be forgotten than remembered for giving in», o vocalista Dennis Lyxzén (que partiu corações de machos e fêmeas) fala um pouco do (polémico) revival: recorda o tempo em que eram uma banda punk insignificante, tocando em casas okupadas e pequenos clubes, antes de apontar a ironia que os faz percorrer grandes festivais quatorze anos após a separação. Opção sell-out?! Eu não tenho nada contra, até agradeço a oportunidade de ficar com o pescoço todo dorido. Mas também encontro a ironia de que ele fala ao ver hipsters que desprezam o hardcore e qualquer ideologia revolucionária abanarem as ancas ao som de músicas tão extremas, tanto lírica como musicalmente. Como ouviria mais tarde, da boca dum tipo com aversão a fotografias, «eles eram uma banda de hardcore normal, depois lembraram-se de fazer um disco incrível que mistura HC com techno, free jazz e spoken word – e são a melhor banda do mundo!». Parte disto pode ser discutível, mas uma coisa é certa: os suecos deram o melhor concerto do dia inaugural desta edição do Alive. Pena o som ter estado um pouco baixo e terem actuado no palco principal e não no contexto mais acolhedor da Heineken. Os concertos de HC pedem uma maior proximidade entre as bandas e o público, certo?
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Link para a reportagem integral (em parceria com o Paulo Cecílio) e fotogaleria do Mauro Mota, publicadas originalmente no Bodyspace.

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