terça-feira, 3 de janeiro de 2012

The Magnificent Seven

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No fim do ano, a webzine de música em que escrevo (se não conhecem o Bodyspace, passem por lá) organiza uma lista dos melhores álbuns do ano. Estes balanços fazem-nos sempre olhar pelo retrovisor, e se o distanciamento nos traz objetividade também obriga a fazer algum esforço de memória.
Quais foram as melhores ondas que apanharam em 2011, lembram-se? Eu recordo-me. Não exatamente das melhores ondas surfadas, naquele dia exato, mas da sequência de dias que fica no primeiro lugar do pódio. Sete jornadas seguidas: entre os dias 24 e 30 de novembro, precisamente.
Lembro-me bem por várias razões. Dois mil e onze estava a ser o ano em que menos surfei desde que comecei a fazer bodyboard, já lá vão cerca de duas décadas. Uma operação ao joelho, no fim de setembro de 2010 – e as consequentes sessões de fisioterapia e ginásio –, a que se somou uma mudança temporária da Ericeira para Lisboa, deixaram pouco espaço de manobra para ir à água com a regularidade desejada.
Em agosto comecei a recuperar o tempo perdido no País Basco e, quando o verão atrasado se instalou, em setembro e outubro (muito sol e calor, pouco vento e ondulações constantes e alinhadas) apanhei vários dias de boas ondas, por vezes só de calções e licra, coisa rara por estas paragens. O ritmo estava agarrado...
Mas foi no final de novembro que os astros se alinharam para uma semana que vai ficar gravada na memória. A letras douradas. Durante essa semana surfei todos os dias, de manhã, no mesmo sítio, como se estivesse a cumprir um ritual. O swell foi-se mantendo (com algumas variações de tamanho e direção) e o vento nunca atrapalhou a formação das ondas, que entravam certinhas, umas atrás das outras, algumas tubulares, outras mais manobráveis.
Não me lembro de outra semana seguida com um nível de condições assim. Nem sei daqui a quanto tempo (ou se) este fenómeno se vai repetir. Mas sei que vou ficar à espera de algo semelhante – ou melhor! São dias como estes que servem de motivação (e inspiração) para esperar que os astros se voltem a alinhar, alimentando a eterna busca.
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Publicado originalmente na Vert, mais concretamente aqui.

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