sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Entrevista - Mike Stewart

Foto de Mauro Mota
O “Rei” pode não andar na luta pelo trono, mas aos 48 anos de idade continua a passear classe pelo circuito mundial. Aproveitámos a sua presença na etapa da Praia Grande para sabermos como se mantém em forma e o que o motiva a continuar a correr o tour, numa pequena conversa que teve lugar na tenda da Modjo e na qual Mike Stewart aponta também alguns dos favoritos a vencerem o título este ano. Com a certeza que o campeonato de Sintra pode ter muita influência nos resultados finais.
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Como é que aos 48 anos se mantém uma invejável forma física? Podes dar algumas dicas para quem pretende estar em forma, pratique ou não desporto de competição?
Eu trabalho para manter-me em forma, porque não é algo que aconteça só por si. Se estás a envelhecer e pretendes continuar a desfrutar das ondas a um bom nível, seja a competir ou não, tens que fazer por isso. A tendência natural é para o corpo decair, mas com trabalho é possível manter uma boa forma. O estilo de vida atual da maioria das pessoas não é lá muito saudável, mas se as pessoas levarem um estilo de vida mais saudável, isso reflete-se na forma física. Em primeiro lugar é preciso comprometeres-te contigo mesmo a levar um estilo de vida saudável. Eu procuro deitar-me cedo, dormir entre sete a oito horas, beber muita água de boa qualidade – e a qualidade da água tem vindo a piorar –, comer comida orgânica, sem antibióticos ou organismos geneticamente modificados, e fazer exercício. Depois de acordar aqueço e faço alongamentos, durante cerca de uma hora. E o meu dia é organizado em blocos de tempo, que posso estruturar conforme estejam as ondas. E, além do bodyboard, também faço ginásio, não durante muito tempo mas com bastante intensidade.

És o bodyboarder com mais títulos mundiais de sempre e a maior referência da história deste desporto. Nesta altura encontras-te em 15º lugar no ranking IBA. Qual é a motivação que te faz continuar a competir?
Para mim, correr o circuito tem uma variedade enorme de objetivos. Ao mesmo tempo posso vir até cá tratar de negócios, ajudar a minha equipa e competir. Por isso, viajo não só para a competição como para outros fins. E tiro benefícios disso: encontro-me com os distribuidores e representantes (da Science, Gyroll e Viper), acompanho a equipa e tomo o pulso ao que se passa no meio, de forma a que me aperceba do que se está a passar para criar produtos adequados às necessidades do mercado. Vou continuar a competir enquanto me apetecer, só paro quando me deixar de divertir. E este ano as ondas têm estado muito boas, por isso tem sido divertido.

Qual foi o feeling de partilhar ondas com o teu pai e o teu filho?
É fantástico poderes partilhar com a tua família as emoções de apanhar ondas. Surfar é uma atividade bastante egoísta, embora nos custe admitir isso: não gostamos de dividir as ondas e apanhamos as ondas só para nós. Por isso, quando podes partilhar esta experiência tão pessoal com alguém… é uma sensação muito boa.

Ouvi-te dizer numa reportagem que quando se surfa se usam seis sentidos. É um pouco uma metáfora que demonstra a riqueza do ato de deslizar nas ondas?
Sim, não podemos controlar o Universo, mas podemos estar em completa harmonia com ele. E é nesses momentos em que estás em total harmonia com o Universo – como quando estás a surfar – que parece que entramos numa dimensão diferente da realidade. Por isso é que se pode dizer que se estão a usar seis sentidos e não cinco enquanto apanhamos ondas.

Quem achas que são os maiores favoritos a ganhar o título este ano?
Este campeonato (da Praia Grande) é muito importante, vai ter bastante peso nos rankings. Como é no meio do ano, muitas vezes funciona como um momento de mudança: quem está mais atrás pode ficar melhor colocado com um bom resultado, ou vice-versa. Se ganhares aqui, ainda tens hipóteses de ser campeão. O Jeff (Hubbard) está na melhor posição, com dois primeiros lugares; o Ryan Hardy tem um primeiro e um segundo lugar; o GT (Guilherme Tâmega) tem um primeiro lugar; o Magno e o Rigby têm cada qual um segundo lugar, por isso se ganharem aqui estão na luta. E se os outros que estão nos primeiros lugares ganharem aqui, ficam muito bem posicionados para ganhar o título. Muito se pode passar a partir deste campeonato…
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Entrevista publicada originalmente na Vert, mais precisamente aqui.

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