Radiohead © Mauro Mota
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Nota prévia: o concerto de Radiohead apenas terá desapontado ou
deixado insatisfeitos os incautos (ou lunáticos) que aguardavam por
aquela música que já só é cantada por aspirantes a ídolos, seja em prime time televisivo ou no karaoke
do bairro. A banda originária de Oxford (e principal culpada pela
lotação do último dia do Optimus Alive’12 ter esgotado) há muito que
está noutra e se desligou desse mega-hit, fazendo porém uma
gestão ultra-equilibrada do alinhamento. Já se sabia que iriam basear
boa parte da actuação nos trabalhos mais recentes (The King of Limbs, do ano passado; e In Rainbows)
e assim foi durante boa parte das mais de duas horas, marcadas por um
som limpo e potente, com os músicos projectados em gigantes mosaicos
cheios de cor, a amplificar a faceta mais electrónica da banda liderada
por um Thom Yorke de rabo-de-cavalo, camisa escura e casaco de cabedal.
Se malhas como “Morning Mr. Magpie”, “Lotus Flower” ou “Reckoner”
ganharam uma dimensão que muitos poderiam pensar não ser possível em
clima de festival, outras houve que refrearam os ânimos durante
determinados períodos. Como também era expectável, foram as músicas do
período que consagrou os Radiohead como uma das bandas mais importantes e
influentes na viragem de milénio as recebidas com maior entusiasmo pela
maioria dos presentes no palco principal. “Pyramid Song”, “Exit Music
(For a Film)”, “There There” (com a percussão omnipresente), “Paranoid
Android”, com as guitarras a rasgar pano em várias direcções,
“Everything in Its Right Place” – melhores refrões para o fritanço –,
“Idioteque” (que continua a puxar-nos sem freio pelas pernas e braços)
ou “Street Spirit (Fade Out)” foram saindo da cartola, muitas delas em
modo encore e encheram as medidas a quem tinha esperado dez anos
para voltar a ter o privilégio de ouvir ao vivo temas que já fazem parte
da história contemporânea. Thom Yorke prometeu que os seus Radiohead
não demorarão mais uma década a voltar, mas no fundo eles nunca se foram
embora depois dos também memoráveis concertos que esgotaram os
coliseus.
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Link para a reportagem integral (em parceria com o Paulo Cecílio) e fotogaleria do Mauro Mota, publicadas originalmente no Bodyspace.
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