Tricky © Mauro Mota
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Ouvi dizer que Tricky andou no meio do público a ver uns concertos.
Horas depois haveria de subir ao Palco Heineken para proporcionar um dos
momentos altos do Alive’12. Tinha ficado bastante desiludido ao saber
que Martina Topley-Bird afinal não o acompanharia a Portugal, pelo que o
concerto não seria integralmente dedicado ao incontornável Maxinquaye,
mas ao fim de uma hora e um quarto bem intenso “frustração” era o
último pensamento que me ocorria. Um sample de Nina Simone anunciava que
o Tricky Kid estava bem disposto. O sorriso no rosto e a cerveja ao
alto confirmavam-no. Já a fumaça que lhe saía da boca tratava de
contaminar as batidas, narcóticas, pesadonas. De "Really Real" a “Where
I’m From”, Tricky pode até transmitir alheamento ou abstracção, em
danças que parecem lutas consigo próprio, mas sabe perfeitamente que um
concerto é feito das trocas de energia entre o palco e o público. Quando
toca o malhão incrível que é “Black Steel” (perdoem-me a heresia, mas
esta versão supera o original de Public Enemy) podemos pensar que é cedo
demais para lançar um trunfo destes… mas de seguida volta a jogar
forte: puxa dum ás de espadas – outra versão, esta vez do clássico de
Motörhead – e convoca o pessoal a partilhar o palco pela primeira vez.
Se agora houve quem pulasse e fizesse headbanging ou partilhasse o micro
com ele, no fim do concerto foi o próprio Tricky a pairar sobre as
cabeças dos fãs. Entre estes dois momentos a coisa acalmou um pouco, com
“Puppy Toy” ou “Past Mistake”. Depois houve ainda lugar a encore para
aqueles que não foram procurar antídoto para tanto veneno.
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Link para a reportagem integral (em parceria com o Paulo Cecílio) e fotogaleria do Mauro Mota, publicadas originalmente no Bodyspace.
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