Se te lembras do Dia da Espiga, então é porque não foste ao Dia da Espiga.
Fenómeno: na Espiga há sempre um carro que se enterra na areia em intervalos de 15 minutos.
O Dia da Espiga acontece sempre numa quinta-feira, quarenta dias depois
do Domingo de Páscoa, e, como noutras datas, confundem-se os
significados pagão (ligado ao culto da fertilidade, a passagem dos
rigores do Inverno para a bonança estival) e religioso. Manda a tradição
que neste dia os jagozes (aka nativos da Ericeira) se juntem à volta de
diversos petiscos bem regados com tinto carrascão e a cerveja de
eleição. De há uns bons anos para cá, os mais jovens reúnem-se logo na
noite de quarta-feira, sobretudo na Foz do Rio do Lizandro, onde acampam
até as energias deixarem. Se tradicionalmente neste dia se ia ao campo
colher um ramo formado por espigas de cereais e flores, o que acontece
na prática é uma aglomeração impressionante de gente com enorme vontade
de comer e beber até cair.
O que se diz sobre os anos 60 é, de certo modo, aplicável ao Dia da Espiga: se te lembras de muitas coisas, então é porque não o viveste e, de facto, uma das poucas lembranças que guardo dos primeiros anos da Espiga é a de cambalear enquanto perseguia o Paulo Gonzo e a Sofia Aparício, num daqueles raros momentos em que se recupera a consciência e se consegue perceber o que está a acontecer, no meio de uma bebedeira monstra. O aspecto patético desta perseguição freak não pode, mesmo assim, ser aproveitado por ninguém porque todos à volta estão normalmente em estado equivalente ao teu ou pior.
A Espiga é uma celebração tóxica muito democrática. A sua beleza passa também por aí: ninguém pode gabar-se de ser a pessoa que acorda com a aparência mais digna e agradável. Os sinais de desgaste e excesso são mais ou menos constatáveis em todos. Não há glamour que resista à Espiga e as seguintes fotos revelam isso também.
O que se diz sobre os anos 60 é, de certo modo, aplicável ao Dia da Espiga: se te lembras de muitas coisas, então é porque não o viveste e, de facto, uma das poucas lembranças que guardo dos primeiros anos da Espiga é a de cambalear enquanto perseguia o Paulo Gonzo e a Sofia Aparício, num daqueles raros momentos em que se recupera a consciência e se consegue perceber o que está a acontecer, no meio de uma bebedeira monstra. O aspecto patético desta perseguição freak não pode, mesmo assim, ser aproveitado por ninguém porque todos à volta estão normalmente em estado equivalente ao teu ou pior.
A Espiga é uma celebração tóxica muito democrática. A sua beleza passa também por aí: ninguém pode gabar-se de ser a pessoa que acorda com a aparência mais digna e agradável. Os sinais de desgaste e excesso são mais ou menos constatáveis em todos. Não há glamour que resista à Espiga e as seguintes fotos revelam isso também.
Sem comentários:
Enviar um comentário